The Claypool Lennon Delirium – Monolith of Phobos (2016)

Crítica: Fortemente Favorável

Após uma turnê de sucesso do Primus, liderado pelo Les Claypool, com o Ghost of a Saber Tooth Tiger, encabeçado pelo Sean Ono Lennon, os dois decidem se unir para um projeto musical próprio. O convite foi feito pelo Les Claypool em um momento de hiato do Ghost of a Saber Tooth Tiger; Sean viu as possibilidades e aceitou. Com influências de rock espacial, uma direção clara para um som clássico e um elenco reduzido — apenas os dois, em todos os instrumentos –, nasce a banda The Claypool Lennon Delirium. A gravação da estreia demorou apenas 6 semanas e o Monolith of Phobos é lançado, com uma boa recepção crítica.

O único defeito do Monolith of Phobos é que tem poucas faixas que não parecem ter sido especificamente feitas por cada um dos membros. No geral, as faixas ou pendem mais para a estranheza alternativa do Primus, com linhas de baixo características — muitas delas começam com uma introdução apenas de baixo que imediatamente mostram as raízes do Les Claypool — ou vão para algo mais de guitarra ambiente que colocam ela diretamente em linha com as prioridades do Sean Ono Lennon. Isso não quer dizer que o álbum é ruim. Longe disso, como um álbum psicodélico com elementos de progressivo e de rock espacial, é um dos melhores álbuns da década de 2010. Especialmente no campo instrumental, o Monolith of Phobos é um monólito para ser reconhecido: a bateria do Sean Ono Lennon — que cuidou do ritmo em todas as faixas menos uma — é um ponto alto do álbum, além da guitarra — que poderia ter tido mais momentos no holofote — e, claro, o baixo do Les Claypool, que dá o seu show esperado. Na parte lírica, o disco se divide em dois: ou ele embarca nas brincadeiras do Primus — lembra um pouco até They Might be Giants, com nomes de personagens carregados pela música quase como contra a vontade deles — ou são mais abstratas. O que ajuda um pouco — ou fere, imagino, na provável opinião de Sean — é que o vocal dele lembra o de seu pai, o que confere ao som algo melancólico e nostálgico; no entanto, é interessante ouvir algo moderno em produção com um vocal puxado para o de John Lennon.

Isso não quer dizer que não existam faixas que fazem uma boa mistura: Ohmerica, uma crítica ácida ao American Way of Life, une bem as sensibilidades de ambos, assim como a instrumental que fecha o álbum There’s No Underwear In Space. Mas quem sofre mais disso são as músicas do Claypool, e é notável desde o nome da música. Mr. Wright, Captain Lariat e Oxycontin Girl são faixas bem puxados para o Primus, com boas linhas de baixo, letras esquisitas e pegajosas, mas com muita qualidade — talvez canse mais para o final do disco, mas a experiência nunca chega a ser desagradável. Mesmo nas do Les, a bateria se sobressai e a guitarra, quando exigida, é muito competente — Breath of a Salesman, que é indiscutivelmente dele, tem o melhor solo de guitarra do disco, feito por Lennon. Já nas faixas do Sean, é mais um pacote completo: Boomerang Baby — que se inunda de influências psicodélicas dos anos 60, em especial The Doors — traz bastante do baixo para a frente, sem perder nunca a essência do vocal e da construção própria. Faixas mais progressivas quanto a construção — que seria the Cricket and the Genie part I e part II — brincam com elementos do King Crimson, mas nunca mergulham tanto quanto no psicodélico anos 60 começo dos anos 70. Isso se revela desde a primeira faixa, a auto-intitulada Monolith of Phobos, que brinca com o psicodélico espacial mesmo com dificuldades com a melodia do vocal.

A melhor faixa do álbum é a capitaneada por Sean Ono Lennon, Bubbles Burst. É uma das faixas que mais brincam com teclados e a harpa elétrica, além de incluir alguns elementos de produção bem interessantes e divertidos. O que chama a atenção é o quão similar algumas escolhas que o Sean faz teriam sido as mesmas que o John. Não é só o vocal nessa: tem momentos que teriam sido idênticos se o John tivesse feito a música na década de 70. Imagino que não tenha sido o objetivo do Sean fazer algo que roça perto do que os Beatles fizeram, mas é o resultado. No mais, é uma faixa interessante, com uma guitarra bem feita, um vocal bem encaixado, um baixo excelente que acompanha um ritmo hipnotizante feito por dois músicas incrivelmente competente.

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